Monday, April 20, 2015

Bristol



Eu não sinto muitas saudades de Bristol, mas sinto um pouquinho de saudades de certos elementos da nossa vida em Bristol. Dos passeios, de alguns restaurantes, do centro de recreação infantil pertinho de casa (não era grande fã de algumas das mamães, nomeadamente as da última turma que frequentamos, mas gostava muito das atividades que o local oferecia), principalmente.
Uma das coisas que mais me doem em relação à nossa mudança, traumática e apressada, foi não ter podido me despedir e tirar algumas fotos do meu bairro como pretendia; entre tantos outros prejuízos e incômodos, a antecipação da data de partida destruiu essa possibilidade. Queria, também, ter me despedido do restaurante indiano onde todos eram tão simpáticos conosco. Ter visitado o Wye Valley, que era colado à nossa área. Ter ido à não muito distante Jurassic Coast passar um fim de semana. Comido no Ethicurean.
Foi tudo isso que faltou.
Porém, se quiser me redimir e ficar um pouquinho mais pobre, a Easyjet agora voa Porto-Bristol (como isso teria me feito feliz enquanto lá morava!). Na verdade, prefiro esperar a V. estar um pouco mais crescida e esperta, afinal, é a cidade onde ela nasceu e quero muito que a conheça (embora já a conheça bem, o que é estranho).

Mas o que há para fazer em Bristol, uma cidade tão pouco conhecida turisticamente falando? Alguns fatos e dicas (algumas em posts daqui com a etiqueta "Bristol"):


  • Bristol é cidade gêmea do Porto e, em comum com a Invicta, tem o casario colorido de algumas áreas elevadas, o rio (Avon) e a ponte (Clifton Bridge) como cartões postais, as ladeiras. Há até um cantinho nas docas que homenageia o Porto, o Porto Quay.
  • Bristol tem um dos piores trânsitos do Reino Unido. E um sistema de transporte público bastante limitado se comparado a Londres, por exemplo. As conexões ferroviárias entre os bairros são poucas, não há metro e os autocarros têm horários pouco confiáveis (como quase todos os autocarros do mundo, vale dizer). As corridas de táxi costumam sair bem caras em horários de pico e aos fins de semana. Portanto, hospede-se num ponto estratégico e, caso contrário, alugue um carro durante a sua estadia (isso vale mais a pena se quiser também viajar pela região) ou verifique com o seu hotel as opções de estacionamento e transporte público para o centro. 
  • Bristol é e terra de Banksy, portanto vale a pena sair à caça dos graffitis famosos e tirar aquela foto para a posteridade. Mas a cidade tem outros grafittis legais, é só ficar atento.



  • Para quem vai com crianças, há bastante a fazer no quesito "programas com a família". O Bristol Aquarium, o Bristol Museum & Art Gallery, o At-Bristol e o Bristol Zoo estão entre as opções mais centrais. Para os adultos, há o teatro no Old Vic, o cimema do Watershed e seu café, mais o Arnolfini, espaço de arte contemporânea, também às margens das docas, no outro lado do Harbourside (que, aliás, tem opções decentes de restauração e uma feirinha de artesanato aos fins de semana). Dá para percorrer tudo a pé se você se hospedar no centro.

  • Bristol é um dos destinos gastronômicos mais badalados do Reino Unido no momento. Há excelentes opções, tanto para comer sentado como de comida de rua. Porém, vários dos bons restaurantes estão em sítios mais rurais (o que torna tudo ainda mais especial) nos subúrbios (você vai precisar de um carro ou pegar um táxi). Algumas recomendações no centro e uma no campo: o San Carlo (italiano na Corn Street que tem de tudo, comida excelente, atmosfera e um atendimento simpático, maravilhoso); o The Olive Shed, comida mediterrânica deliciosa com vista para as docas; o The Ox (para quem gosta de carnes, é numa cave à meia-luz), o The Pony and Trap (pub com estrela Michelin na categoria, meio apertado e precisa reservar, mas muito bom no quesito gatsropub), o The Kensington Arms (pub que já foi eleito o melhor de Bristol e faz você se sentir em casa, divinal em tudo); os "cafés" do St Nicholas Market (minúsculos, mas ótimos, tem comida portuguesa, italiana, marroquina e britânica a preços em conta; dica: se não quiser comer espremido no mercado, ou de pé, um dos pubs ao lado deixa você levar a sua refeição se for beber uns copos por lá) e a comida de rua das barracas da Corn Street e região; os peixes e mariscos do The Spiny Lobster (antes, The Rockfish, quando o conheci e comi o melhor arroz doce do mundo, com toffee e curd de laranja); explorar as ruas e cafés de Clifton e da Whiteladies St.
  • Um dica preciosíssima de refeição ligeira, numa área ótima para compras, perto da Park Street (onde você encontra filiais de redes de restaurantes como Wagamama e Jamie's Italian, e boas lojas): o Friska, um café com um conceito muito legal, que tem a melhor sopa de noodles que provei na vida (e já provei muitas, vem nas opções frango grelhado, porco puxado e vegetariana) e, também, uma loja de discos, livros e parafernália pop no andar de cima. As doses são pequenas, mas não faltam petiscos e doces para complementar a refeição. É um lugar de que tenho saudades.


  • Compras no centro: região de Broadmead, incluindo o Cabot Circus, um centro comercial aberto com opções habituais de restauração (nada muito entusiasmante, entre as mais decentes em termos de fast food, recomendo o Nando's e o Gourmet Burger), e as The Galleries.
  • Se vai ficar mais de dois dias, vale a pena pegar o trem e fazer a viagem brevíssima até Bath (17mins, da estação de Bristol Temple Meads) e conhecer uma das cidades mais lindas do mundo (merece, no mínimo, uma longa tarde). Ou mesmo, para Cardiff, no País de Gales. Ou pegar o carro e atravessar a Severn Bridge (uma atração por si só) e respirar ares verdes galeses. Ou visitar Stonehenge, não muito distante (outra viagem que faltou fazer).


Estas são dicas mainstream para quem vai ficar poucos dias, dentro da zona central, e dão uma noção do que a cidade e os arredores têm a oferecer. E, quem sabe, voltar para provar e descobrir mais. Quem sabe?





5 comments:

  1. Ai, que saudades, tenho pena que não tenhas mais fotos:) Eu adorei viver em Bristol, confesso que não conheci nada da sua gastronomia, porque na altura não tinha dinheiro para comer fora de casa, mas adorava toda a zona do centro, os cafés, os jardins, as lojas, adorava a vida que tinha lá, sempre com amigos e jantares e passeios por todas as terras próximas e mais afastadas também (fui à Escócia, enquanto aí estava). Não me lembro do trânsito ser problema, se bem que no centro andei sempre a pé.
    Adorava a 'cena' artística, os skaters e os estudantes por toda a parte. Pelo menos é a memória que tenho sempre acompanhada pela banda sonora dos Massive Attack. Acho que a idade e a fase da vida que vivemos num certo sitio também condiciona muito a forma como vemos a cidade depois. Tenho de apanhar um desses aviões e voltar lá com as minhas amigas:)

    ReplyDelete
    Replies
    1. Olá :) Eu até tenho mais fotos, vou ver se depois coloco (é que estão armazenadas em sítios diferentes, algo que não consegui ainda resolver desde a mudança!). Bristol é mesmo encantadora, se moravas no centro, dava mesmo para ter acesso ao melhor sem precisar de carro. Eu morava no norte, não era muito longe, mas só tinha um autocarro (demorado) ou o carro para chegar ao centro. Enfim, estas dicas são mainstream, há muito a explorar, conhecer, é um lugar cheio de recantos e surpresas (clichê, mas é verdade), há também bairros muito giros com Knowles, com uma vibe mais boêmia, cafés nas calçadas, etc. Volte mesmo com as amigas! Bjs

      Delete
    2. PS. Knowle, sorry, foi com um "s" a mais.

      Delete
  2. oohhh que fixe. Obrigada pelo roteiro, tenho uma tia a viver em Cambridge e qualquer dia vamos até aí!

    ReplyDelete
  3. Dani, acho que o Turismo de Bristol devia contratar-te :)

    ReplyDelete